A Univesp TV recebeu nesta sexta-feira (19/05), a visita do
pesquisador e professor do Instituto de Computação e de Ciências Matemáticas
(ICMC-USP) e docente visitante em Harvard, nos Estados Unidos, Seiji Isotani,
para a gravação de um bate-papo sobre tecnologias educacionais. A ação fará
parte de uma nova atração, que abordará diversas temáticas do mundo acadêmico e
contará com a participação de profissionais de instituições nacionais e
internacionais. O encontro contou com a mediação do presidente da Universidade
Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), professor Marcos Borges.
No início da apresentação, Isotani falou de sua infância, vocação
para a profissão escolhida e como explorar a inteligência artificial (IA) no
processo de aprendizagem. “O trabalho de professor é muito gratificante. Poder
aliar computação com educação e desenvolver modelos de interação entre máquinas
e pessoas é algo desafiador. Temos que usar a tecnologia no processo de
aprendizagem como um facilitador. Atualmente, possuímos no contexto social
muitas oportunidades para implantarmos diversas ferramentas, entre elas, o
famoso ChatGPT. Conseguimos produzir textos, códigos, desenhos com o
auxílio de IA. É um dispositivo importante para trabalhar a cognição e ajudar
na resolução de problemas. Todas as ferramentas usadas de forma correta
auxiliam no processo de aprendizagem. Precisamos capacitar nossos docentes para
a utilização de tecnologias em sala de aula. O estudante que tiver contato com
propostas inovadoras terá uma melhor performance no futuro”, explicou.
Outro tema discutido foi o uso da inteligência artificial como
mecanismo de inclusão e motivação. De acordo com Isotani, jogos, gamificação e
aplicativos também auxiliam na aprendizagem de alunos com necessidades
especiais e autistas. “Podemos usar tecnologias inteligentes para abraçar
diversos públicos. Usamos ferramentas que ajudam pessoas com problemas
auditivos, de visão, autistas e outras. Temos que tornar a educação motivadora
para todos. Diversos relatórios apontam que o número da evasão na educação é alto
no Brasil. Precisamos melhorar o ambiente escolar. Uma forma de deixar o
convívio mais harmonioso é por meio da gamificação. Quando oferecemos jogos
interessantes, conseguimos trabalhar com mudanças comportamentais e levar ações
motivadoras. Os jovens passam a querer aprender e participar do processo”,
falou.
Segundo o pesquisador, é necessário compreender que, atualmente, vivemos em
um mundo integrado, onde o virtual e real se complementam. “Hoje, não podemos
restringir a tecnologia, quando fazemos isso, deixamos de lado uma parte da
pessoa. Temos que preparar a pedagogia para trabalhar com ferramentas
tecnológicas e formar profissionais mais capacitados para o mercado de
trabalho”, disse.
No decorrer da conversa, Isotani explicou sobre as metodologias
ativas no ensino superior. “Na
área da Computação, há um grande desafio de como trabalhar a disciplina com
abordagens do mundo real. Temos que formar o aluno para desenvolver
competências digitais que poderão ser aplicadas em prol da sociedade. A melhor
forma para essa conquista é uma graduação baseada em projetos, como
desenvolvida no Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli). Por meio do
modelo aplicado, trabalhamos habilidades que transformam os estudantes, eles
passam a desenvolver liderança, autonomia, criatividade e vivenciar
experiências com negócios. Um formato ideal para engajar, motivar e preparar o
jovem para o mundo atual”, completou.
Seiji falou ainda de sua experiência como professor em Harvard
e de como a Univesp poderá contribuir para o desenvolvimento econômico e
social. “Atuo em uma universidade norte-americana, com o propósito de ajudar o
nosso país a crescer. Procuro buscar ideias e compartilhar conhecimento com
diversos pesquisadores qualificados e motivados a resolverem problemas reais,
com diagnósticos e abordagens distintas, todas voltadas ao processo de
aprendizagem. Por meio da Univesp, podemos fazer muitas contribuições para a
formação de novas lideranças no Brasil”, ressaltou.
Perfil de Seiji Isotani
Seiji Isotani é professor titular visitante em Educação na
Universidade de Harvard, EUA, e professor titular em Computação e Tecnologias
Educacionais na Universidade de São Paulo (ICMC-USP). Possui Doutorado em
Engenharia da Informação na Universidade de Osaka, Japão, com tese na área de
Inteligência Artificial aplicada à Educação e Pós-Doutorado em Ciências
Cognitivas na Universidade de Carnegie Mellon, EUA. É co-fundador
do Laboratório de Computação Aplicada à Educação e Tecnologia Social Avançada
do ICMC-USP.
Foi também co-fundador de duas empresas de base tecnológica
(startups). Suas pesquisas focam no desenvolvimento e aplicação de técnicas da
computação para apoiar e transformar as atividades de ensino e aprendizagem. É
reconhecido internacionalmente por seus trabalhos nas áreas de Inteligência
Artificial na Educação, Sistemas Tutores Inteligentes, Gamificação e Dados
Abertos Conectados. Foi um dos pioneiros no desenvolvimento de tecnologias
educacionais interativas, inteligentes e motivadoras no país. Publicou mais de
200 artigos científicos e, de acordo com o Google Scholar, está na lista dos 20
pesquisadores mais citados no mundo em suas áreas de atuação.
Foi Editor
Chefe da Revista Brasileira de Informática na Educação (RBIE), Editor Associado
da IEEE Transactions on Learning Technologies, Membro do Conselho Municipal de
Educação de São Carlos, Membro da Comissão Especial de Informática na Educação
(CEIE-SBC), Membro do Comitê Julgador de Bolsas Institucionais do PIBIT no CNPq
e Representante Brasileiro no Comitê Técnico em Educação (TC3) da IFIP. Atua
desde 2017, como assessor técnico-científico junto ao Ministério de Educação na
concepção e execução de Políticas Públicas em Tecnologias Educacionais baseadas
em Evidências. Atualmente é Vice-Presidente da Academia Brasileira de
Tecnologias Educacionais, membro do Comitê Gestor da Rede de Inovação para a
Educação Brasileira, ACM Distinguished Speaker, Membro Sênior da IEEE, Editor
Associado do Periódico Frontiers in Artificial Intelligence e bolsista
produtividade do CNPq.
